O "leave" ganhou, e agora como ficamos?
Ninguém sabe e esse foi o maior problema durante as campanhas do "remain" (permanecer) ou "leave" (sair). Nenhum dos lados apresentaram uma forte razão para que os eleitores pudessem decidir.
Não sou jornalista e nem politizada suficiente pra ir a fundo nas questões, mas, tentarei passar o sentimento de cidadãos comuns, como eu, baseado em conversas. A internet esta cheia de ótimos artigos sobre o Brexit.
Um amigo do meu marido deu sua visão sobre o porque não deveríamos sair da União Européia. Um cara politizado e inteligente, filho de imigrantes caribenhos. Falou da preocupação com a economia e o que essa decisão significaria para UK. No final da conversa, perguntei como ele havia votado - muito envergonhado disse que com a correria do trabalho esqueceu de postar o seu voto no correio.
Para uma amiga Inglesa que trabalha na área da saúde, a grande preocupação é com o crescimento da população de imigrantes usando o NHS (Sistema Nacional de Saúde) que já está em crise. Outra preocupação é com as escolas que estão "over subscribed" (mais inscrições que vagas para oferecer). Várias escolas estão sendo forçadas a construir novas salas de aula para poderem aumentar a quantidade de vagas. Disse que passaremos sim por uma crise temporária, mas, espera um futuro melhor para seus três filhos.
Enfim, para uma amiga jornalista brasileira, a vitoria do "leave" a preocupa muito. Não pelo fato de ser imigrante com residência permanente no Reino Unido, mas sim como cidadã. Ela acredita que a ruptura com a União Européia se deve, sobretudo, a fraqueza de seu líder, o primeiro ministro, David Cameron. Acredita numa fase de muita turbulência, com recessão talvez nunca vivida por este Reino. E o fato que a maioria votante que aprovou o Brexit é composta por uma população madura e que muito provavelmente não vai estar aqui para sentir os impactos e resultados de seus atos. Finaliza dizendo que cabe o amargor e os dissabores as gerações futuras.
Enfim, para uma amiga jornalista brasileira, a vitoria do "leave" a preocupa muito. Não pelo fato de ser imigrante com residência permanente no Reino Unido, mas sim como cidadã. Ela acredita que a ruptura com a União Européia se deve, sobretudo, a fraqueza de seu líder, o primeiro ministro, David Cameron. Acredita numa fase de muita turbulência, com recessão talvez nunca vivida por este Reino. E o fato que a maioria votante que aprovou o Brexit é composta por uma população madura e que muito provavelmente não vai estar aqui para sentir os impactos e resultados de seus atos. Finaliza dizendo que cabe o amargor e os dissabores as gerações futuras.
O que levou a maioria dos britânicos a votar no "leave" foi a questão da imigração. Aí era minha vez de, nas rodas de conversa, mostrar o outro lado da moeda. Dizer que meu marido trabalha muito, paga todas as taxas (altíssimas por sinal) e que não recebemos benefício do governo, nenhum! Deixando claro que não tenho absolutamente nada contra quem recebe por direito e necessidade. Não é confortante saber que você pode contar com o governo na hora que mais precisa?!
Assistindo a um telejornal do Brasil, uma família me abalou por dias. O casal foi demitido por corte na empresa - culpa da recessão que o Brasil está vivendo. Um casal capacitado com bons cargos. Desempregados por meses, tiveram que entregar o apartamento (era financiado) e agora moram de aluguel. O abastecimento de água foi cortado por falta de pagamento, a eletricidade está atrasada a meses assim como o aluguel. Com a geladeira aberta, mostrando que mal tinham o que comer, o homem disse que o pior de tudo é ver o filho de 1 ano de idade passar por isso. Começou a chorar e foi consolado pelo repórter.
Quando penso nessa situação penso nos refugiados. Imagine uma família vivendo num país devastado, em guerra, perseguidos por um grupo radical que decaptam, estupram, queimam, enforcam adultos e crianças?! Você, como pai/mãe, não faria qualquer coisa para salvar seus filhos?! Não tentaria migrar para um país seguro e dar um futuro a sua família?
A intolerância já começou. Imigrantes poloneses, muçulmanos ou não brancos estão sendo hostilizados pelas ruas. Uma grande maioria que votou "leave" é racista e xenofóbica - gritam "go home!". Uma apresentadora da BBC foi xingada na sua casa, dois poloneses foram agredidos fisicamente e um centro comunitário polonês foi pichado com palavras de ódio. Segundo NPCC (National Police Chiefs Council), de quinta a domingo passado, os crimes de ódio cresceram em 57%.
Como já disse em outro post, com nacionalidade britânica adquirida ou não, somos e sempre seremos estrangeiros, não importa quantos anos irão se passar.
Como já disse em outro post, com nacionalidade britânica adquirida ou não, somos e sempre seremos estrangeiros, não importa quantos anos irão se passar.
Desde o resultado na sexta-feira o que mais escutamos são histórias de pessoas arrependidas por terem votado pela saída e de pessoas que não foram votar com a certeza que o "remain" ganharia. Enganaram-se e agora é tarde - o cavalo azarão ganhou, o impensável aconteceu.