17 de maio de 2015

Parto normal ou cesariana? Brasil ou Inglaterra? Particular ou público? Pode escolher...


Vou começar com uma expressão inglesa muito usada para definir mulheres que não querem ter filho de parto normal. Escutei muito das inglesas na minha segunda gravidez.
"too posh to push" - "muito chic para empurrar"



"LINDA" DEPOIS TE TER A CAROLINA
Vou somente contar minhas experiências, não estou defendendo nenhum tipo de parto, ok?!

Primeiro filho - menino, cesariana, Brasil em hospital particular.
Segundo filho - menina, parto normal, Inglaterra em hospital blico.

 
BRASIL:
Antes que alguém possa me atirar pedras, tenho plena consciência de que era privilegiada por ter plano de saúde. Médico, maternidade, exames em laboratório particular.
Minha mãe e irmã tiveram 3 filhos cada e todos eles nasceram de parto normal. Então assim o meu filho nasceria - de parto normal, sem a menor dúvida.
Meu médico obstetra foi uma indicação e durante toda gestação sempre deixei bem claro o meu desejo de ter parto normal.
CLARO que o me filho nasceu na véspera de um feriado, CLARO que meu médico estava em Campos
do Jordão e CLARO que ele não voltou para fazer o meu parto.
Tudo o que planejei foi por água abaixo. Aquela relação de confiança construída ao longo dos 9 meses não valeu nada.
O meu filho nasceu pelas mãos da plantonista e de cesariana. 
médica era tão nova que deixou meu marido e eu apavorados. Ela me deu uma desculpa usando termos técnicos que, resumindo, precisaria ser operada.
Enfim, deu tudo certo, Henrique nasceu saudável e minha recuperação foi absurdamente rápida. A recém formada era boa!

Inglaterra: (lavagem cerebral da primeira gravidez).


Nenhum plano de saúde privado cobre gravidez na Inglaterra. Quer fazer particular? Sem problemas, mas custará uma pequena fortuna.
Se a Duquesa de Cambridge teve os dois filhos no Hospital do NHS, por que você não teria?
Vou contar como funciona o pré-natal de uma gravidez considerada NORMAL:


Primeiro passo: compre um exame de farmácia para descobrir se esta grávida.
Segundo passo: avise o seu GP (Clinico Geral).

Primeira consulta: você terá sua primeira consulta com a midiwife (parteira) ou médico somente quando completar as primeiras 12 semanas. No NHS (Sistema Nacional de Saúde) você não escolhe o médico, será atendido por quem estiver no turno.

Midwives: são as parteiras que te examinam, aconselham e tomam as decisões durante toda a gestação. Se for preciso, você será encaminhada ao obstetra.

Ultra-som : você faz 2 ultra-sons durante a gravidez, mas se necessário eles poderão marcar outros.

Aulas pré-natal: o NHS oferece as mães de primeira viagem aulas para explicar os tipos de parto, as drogas usadas para aliviar as dores das contrações, anestesias, posições para facilitar o parto, etc.
No final da gestação você terá uma consulta com a midwife para discutir os planos do parto.

Maternidade: é uma ala do hospital público. Se você precisar de uma intervenção, te levam para o centro cirúrgico e chamam o médico obstetra, caso contrário, o parto é feito no quarto pela midwives. Quando o bebê nasce, te passam para a enfermaria com outras mães. Se quiser um quarto privativo e o hospital tiver disponibilidade naquele dia, você pagará uma diária.


ENFERMARIA DO NHS
O que mais me apavorava, eram as histórias que escutava durante a gravidez. Erros cometidos pelas parteiras que deixaram sequelas seríssimas nos bebês. Inglesas que ficaram com tanto trauma do parto que não queriam mais ter o segundo filho. Coisas horrorosas mesmo!

Uma amiga me falou que a frase que mais tem efeito aqui na Inglaterra quando você precisa de algum "favor" do serviço público, é dizer que é uma cidadã com "distress" (stress, extrema ansiedade).
E foi assim que passei a gravidez inteira, falando para cada midwife e médico que me atendiam que eu estava com "distress" e que precisava marcar uma cesariana.
Tentei de tudo! Usei frases de efeito, chorei na frente dos médicos e no final não convenci ninguém. Acho que preciso de aulas de dramaturgia. 
Não restavam mais consultas com o médico, então me conformei. Pesquisei e aprendi outra palavra importante: anestesia peridural, a chave para aliviar as dores da contração.

Mudei minha fala, ficou assim: "Sou uma grávida com stress e preciso de uma peridural"- Frase linda!!!

 


MORRENDO DE DOR ABRACANDO O TRAVESSEIRO
O grande dia:
Cheguei no hospital berrando de dor e pedindo a peridural. Depois de me explicarem as vantagens E desvantagens dessa anestesia, me aplicaram. Aí foi mamão com açúcar!
Aconteceu o que não esperávamos, fui para o centro cirúrgico e a minha filha precisaria de fórceps (instrumento usado para retirar o bebê em parto normal) ou uma eventual cesariana. Ela estava alta, na posição errada (costas-contra-costas) e ficando cansada.
Meu marido e eu ficamos surpresos com a qualidade do atendimento no hospital e principalmente com o profissionalismo, conhecimento e carinho da parteira que ficou comigo o tempo todo.
 
 

Já no centro cirúrgico, na última tentativa do fórceps pelo obstetra, ela segurou minha mão e com a outra na minha barriga monitorou a última contração para eu poder dar o empurrão final, aos olhos de uma equipe de 12 pessoas entre estagiários, anestesista e obstetra, todos esperando o seu sinal. Não me esqueço o silêncio que tomou conta da sala naqueles minutos. Nessa hora eu só falei pra ela: "por favor, não quero cesariana!" E ela respondeu: "quando eu te falar empurre (push), use toda sua força" .
Já não era mais chic (posh), eu queria empurrar (push).

A Duquesa de Cambridge saiu linda, maquiada, feliz com sua princesa Charlotte nos braços. Eu saí acabada, descabelada e tão feliz quanto ela, com a minha linda plebéia Carolina.

Lembra daquele médico de confiança no Brasil? Nem lembro mais o nome.
Sabe a midwife que nunca tinha visto antes na vida? Chama-se Keilla e nunca mais vou esquecê-la.


Beijooooutro.

6 de maio de 2015

Estilo de vida inglês - DIY

Há anos atrás, uma amiga jornalista me introduziu o conceito do "homem furadeira" (calma, não é o que vocês estão pensando!). Na verdade, nunca compreendi o sentido real desse rótulo até me mudar para a Inglaterra.

Uma palavra importante para quem vem morar aqui é:
DIY (do it yourself) = faça você mesmo


pintei minha cozinha e corredor esses dias
Esse é o espírito do povo inglês, não importa a idade, sexo, classe social, todo mundo faz DIY!
Passam o final de semana inteiro pintando a casa, trocando carpete, arrumando o jardim, colocando papel de parede, reformando cozinha, etc.
Em princípio achei que fosse uma forma de economizar e hoje acho que também tem um lado terapêutico nisso, sei lá.

Serviços de casa como encanador, eletricista, pintor, etc. são extremamente caros e paga-se pela visita, por hora, fora o material. Se você quiser economizar e contratar alguém "barato", pode optar pelos chamados "cowboys", fazem de tudo e não fazem nada direito.

E como falar de DIY e não falar de Ikea!

Pra quem não conhece, é uma multinacional Sueca de móveis e decoração, mesmo estilo da TOK&STOK e ETNA só que mais bacana e com preços incríveis. Seus produtos são criados exatamente para que eles sejam montados pelos próprios clientes. DIY!

Que me perdoem British Museum, National Galery, Tate Modern, tenho que confessar que um dos meus programas favoritos é passear na Ikea(socorro!). As donas de casa irão me entender.

Importante, anotem! 
O roteiro dura uma manhã e é o seguinte:

Deixe seu filho na área de lazer supervisionada por 1 hora (de 3 a 10 anos - de graça).

Tome um café (de graça pra quem tem cartão família) com "cinnamon bun" (pão enrolado de canela).

Faça suas compras.

Almoce no restaurante e coma as famosas almôndegas suecas , com molho cremoso e geleia de frutas vermelhas ou muitos outros pratos e sobremesas suecos.

Pronto! Filho feliz, mãe feliz, barriga feliz, casa feliz e marido não tão feliz...

A primeira vez que pisei numa loja Ikea minha mãe estava em Londres e fomos comprar alguns móveis para casa. Quando terminamos de escolher e anotar os códigos, uma olhou pra cara da outra e nos perguntamos: "ué, cadê os funcionários para finalizarmos o pedido? "
Para nossa surpresa, o final é um grande depósito onde você pega o carrinho, coloca as caixas (não importa o peso e nem tamanho), paga e leva até o carro ou área de delivery. O detalhe aqui é que NÃO TEM NINGUÉM PRA TE AJUDAR! 

Momento reflexão:
Nós brasileiros somos mal acostumados ou é impressão minha?!
Estamos preparados para o estilo DIY dos ingleses?


Carrinho com caixas de uma estante

Deposito da loja
Voltando ao início do post, vou explicar a minha conclusão sobre o "homem furadeira".
Esse é o homem QUE FAZ acontecer, que conserta o banheiro, aquecimento, troca lâmpada, monta móveis, arruma a porta e TAMBÉM cuida dos filhos quando a mulher vai pra academia ou balada, coloca e tira a mesa do jantar, pendura roupa no varal dentre outras coisas.

Preciso contar pra minha amiga essa grande descoberta!

Por isso mulheres, a primeira coisa que vocês precisam checar antes de casar ou juntar os trapos é se o seu marido/companheiro é um "homem furadeira" ou tem potencial. Para minha sorte, sem saber e com alguns defeitinhos de fábrica, casei com um. ;-)

Beijoooooutro.