26 de abril de 2015

Amizade com os ingleses.

Esse é um assunto que tem me chamado a atenção ultimamente. Conheço vários brasileiros que não tem relacionamento nenhum com ingleses e moram na Inglaterra há anos!
Sei muito bem que não é fácil aprender a língua e que meu inglês está longe de ser perfeito, mas, o principal para esse relacionamento existir é falar a língua do país  que você esta vivendo, certo?!
 

Quando o meu primeiro filho estava na escolinha, minha turma era basicamente de indianos, tinham pouquíssimos ingleses. Até fui chamada para celebrar uma importante data para os Hindus, o "Diwali", é como o "Natal" para nós. Como eles possuem 22 línguas oficiais na Índia, muitas se comunicavam em inglês, foi a minha sorte. 

Voltando para a Inglaterra, a coisa mudou de figura quando ele entrou na "reception" (pré- primário).
A escola do meu filho quase não tem imigrantes, somos um dos únicos falando outro idioma no playground.
Esse primeiro ano foi bem solitário, muitas mães já se conheciam ou porque moravam perto ou porque os filhos foram juntos para a escolinha. Fazia minha parte, falava oi pra todo mundo e aos poucos elas foram retribuindo o meu sorriso matinal.

No ano seguinte já começou diferente, paravam pra conversar e começaram a me convidar para as "mums night outs". Isso é muito comum, as mães se reunirem para jantar ou dançar. Mesmo se não estivesse com vontade de ir, eu ia. 
Também comecei a convidar alguns amiguinhos do Henrique pra brincar em casa depois da escola e eles começaram a retribuir os convites.
A chave do sucesso é conquistar a confiança deles.
Hoje sou convidada para jantares, baladas, etc. Super enturmada!
Como nem tudo são rosas, as vésperas do Natal cheguei a escutar a seguinte frase:
"Renata, gosto muito de você mas jamais te convidaria para passar o Natal na minha casa com a minha família!"
Fiquei chateada, pensei, repensei e percebi que foi um "wake up call". Ela quis somente dizer que amizade de escola fica na escola, não se mistura com família, são coisas diferentes.  
Entendi, aceitei e vivo feliz com essa relação, aqui funciona assim. 
Como toda regra tem sua exceção, uma das minhas melhores amigas é inglesa e conheci na escola. Ela se ofereceu para ser madrinha da Carolina e todos os anos que passamos o Natal em Londres, somos convidados para ir na casa dela. É muito legal poder comemorar essas datas com uma típica família inglesa e ver seus hábitos e tradições. 

Conhecendo melhor os ingleses:

- A semana, mês e ano são todas planejadas então, não ache estranho se te convidarem para um simples café com 2 semanas de antecedência.

- Eles jantam ás 5h30, 6h da tarde.
 
- Se você marcar algum programa, EVITE AO MÁXIMO cancelar, só se estiver alguém da família morrendo. Pega super mau!

- Raramente dão beijo ao se cumprimentarem. Preciso sempre explicar pra minha mãe que sai beijando todo mundo.
 
- Tiram os sapatos quando entram em casa, portanto, aconselho a sempre estar com as meias em ordem, sem furos nem chulé, PLEASE!
 
- Se for convidado para um jantar, leve um bom vinho BRANCO que as inglesas adoram!

- Sempre se oferecem pra pagar o primeiro drink nas baladas, e você (claro!) paga o seguinte.
 
- A maioria não se importa muito com a arrumação ou limpeza da casa antes de te receber.
 
Acho que a principal característica para morar e se adaptar em outro país é ser tolerante e respeitar que as pessoas vem de diferentes culturas e backgrounds. Entender que VOCÊ é o imigrante e sempre será. O que é normal pra mim, pode não ser para os ingleses e vice versa.

Beijooooutro.

17 de abril de 2015

Segundo filho?!

Esse post vai ser em homenagem aos 5 anos que esperei para engravidar do meu segundo filho. Isso mesmo, 5 anos! Vou contar tudo resumidamente porque a história e loooonga.
 
Henrique e Carolina - by Cristina Valenta Photography 

Logo depois que mudamos para a Inglaterra, resolvemos que era a hora de tentar o segundo filho. O Henrique tinha 1 ano e não queríamos uma diferença muito grande de idade entre eles e aproveitaríamos o embalo.
Por que o segundo filho se estávamos felizes com 1 só? Essa era a pergunta do meu marido.
 
Tenho 2 irmãos mais velhos e nos damos MUITO BEM. Meu irmão é um cara extremamente divertido e minha irmã é minha melhor amiga. Resumindo, queria que meu filho tivesse essa mesma sorte. Então, começamos a tentar...

Fases que os casais passam para tentar engravidar:
- Começam no maior love, romantismo nas alturas e todo mês aquela expectativa pra ver se a mulher está finalmente atrasada.
- Os primeiros 6 meses se passam e o desespero começa a tomar conta da MULHER. Ela começa a seguir a tabelinha a risca, compra monitor de ovulação, alimentação a base de ácido fólico, dia e hora marcada para dar a "sapecada" (chega a ligar para o marido no trabalho), etc.
- Ultima fase: sexo vira reprodução e não prazer.

Nada acontecia...
Aparecem as dúvidas: Será que estou com algum problema? Será que meu marido está com algum problema? Mas eu engravidei uma vez! 
E outro ano se passou e nada...
Os médicos GPs  (Clínico Geral) aqui na Inglaterra  só começam a investigar quando o casal tenta engravidar por 2 anos. Antes disso, eles consideram normal, ainda mais depois dos 35 anos. As estatísticas mostram que é comum acontecer a chamada: infertilidade secundária.

Depois de exames começamos a tomar vitaminas diariamente. Mais 1 ano se passou e na consulta com a ginecologista escutei que se quisesse o segundo filho teria que encarar e PAGAR pelo IVF (fertilização in vitro). Como seria meu segundo filho, não tinha prioridade e nem tratamento pago pelo NHS (Sistema Nacional de Saúde). O governo Inglês também beneficia as grávidas com dentista e medicação gratuita durante a gravidez e até 1 ano após o nascimento do bebê.
Desencanamos...
Resolvi: Pronto, decidido, vou trabalhar! Refiz meu currículo e comecei a enviar. Logo entrou o ano das Olimpíadas e uma grande empresa brasileira me contratou para trabalhar durante os jogos com um grupo de clientes e funcionários (80 pessoas) que eles mandariam para Londres como prêmio.
Também sou guia de turismo cadastrada pela Embratur e era a oportunidade de mostrar meus dotes como tal. Falar no microfone na frente do ônibus, segurar plaquinha, traduzir, ... ADORO minha segunda profissão!
Aliás, acho que já fiz tantas coisas na vida que no meu último trabalho me chamavam de "Highlander". Tinha tantas histórias pra contar  nos almoços que me sentia uma mistura de Highlander com Forest Gump. 


Quatro meses ANTES, o gerente de trade marketing e a dona da agência de turismo vieram por 1 semana para conhecer os locais dos jogos e fechar outros contratos. Fui eu quem os levou para fazer essas visitas. Descobri no terceiro dia de trabalho que estava grávida.
Grávida?!?!? Como assim? E as Olimpíadas? Meu comprometimento com a empresa? Seria capaz de andar Londres inteira sem hora pra começar e pra terminar?
Claro, o mais difícil foi retomar os planos anteriores. Tinha desistido do segundo filho, tinha aceitado e visto o lado bom de ter um filho só e de repente, com quase 40 anos, estava grávida de novo.

Trabalhei por 2 semanas, média de 15 horas diárias com um barrigão de 6 meses. Deu tudo certo e fiz uma grana ótima, valeu!

Carolina nasceu em outubro de 2012.

Sabe aquela história de que quando você relaxa e desencana as coisas acontecem? É VERDADEIRA!
 
Minha mãe e eu (gravida de 6 meses)

Beijooooooooutro.

Morar no exterior é viciante?!

Esses dias estava pensando se gostaria de voltar a morar no Brasil. De repente, me peguei com uma lista de países que viriam na frente primeiro. Seria eu uma nômade? Seria eu uma viciada em viver novas culturas? Seria eu uma brasileira desnaturada?

Esta já é minha terceira vez morando fora. Comecei bem cedo e por isso foram experiências completamente diferentes. Vou contar um pouco sobre todas elas.

Primeira vez: Angoulême cidade ao Sudoeste da França
Profissão: "au pair"
Era bem jovem, sem destino e com a família vindo de uma falência. Uma amiga me ofereceu a oportunidade de trabalhar como "au pair" para a tia dela que tinha 4 crianças pequenas (3, 4, 6 e 7). Na época não pesquisei nada sobre o assunto, nem existia internet e como não tinha nada a perder, resolvi aceitar o trabalho. Nunca na vida tinha cuidado de criança e muito menos trabalhado.
Fui e fiquei 18 meses. Passei por muitas coisas boas e ruins, uma mudança de vida. Fui tratada como empregada doméstica, fazia minhas refeições sozinha e faxina pesada numa casa enorme, além de cuidar das quatro crianças.
Lembro da primeira faxina que fiz e achei que tinha ficado ótima. Quando a Dona X chegou em casa, me perguntou o que eu tinha feito a manhã inteira porque os móveis continuavam empoeirados.
Fiquei ofendida e respondi: "não sabia que precisava tirar o pó!?"
Normalmente as "au pairs" são tratadas como membros da família e ajudam nas tarefas do lar. São contratadas para ajudar com as crianças, essa é sua principal responsabilidade. Claro, estava trabalhando para uma família de BRASILEIROS.
Aprendi algumas coisas durante esses 18 meses:
- Um dia você é a patroa e no outro pode ser a empregada.
- Não coma muito "croissant e pain au raisin" porque você vai engordar. Ganhei 15kg. Lembro da minha avó falando: "Voltou tão linda, gorda e com a pele que parece um pêssego!".
- Humildade e respeito.
- É uma responsabilidade imensa cuidar dos filhos
dos outros.
Viajamos muito, essa foi a melhor parte do intercâmbio, embora trabalhasse bem mais nesse período.
 

Segunda vez: Londres, Inglaterra.
Profissão: estudante
Quando voltei da França, mesmo sabendo que a língua não era tão usada no Brasil, consegui alguns empregos temporários como bilíngue. Uma experiência no exterior te abre várias 
portas. Mas, depois de um tempo, percebi que precisava do inglês. Vendi meu carro, larguei o namorado de 5 anos e fui. Comprei um curso de 6 meses com estadia de 1 mês em casa de família.

Estudei e também trabalhei em pubs, restaurantes, festas. Conheci muita gente bacana. Morei em 4 casas (quartos) diferentes num período de 10 meses. No final guardei uma graninha e mochilei pela Europa.

Foi quando voltei desse intercâmbio que comecei a consolidar minha carreira profissional.

Terceira vez: voltei pra Londres com marido e 1 filho
Profissão: Dona de casa e mãe
Faz anos que meu marido trabalha numa multinacional. Quando surgiu a vaga em Londres ele se candidatou, passou e foi transferido.
Voamos de classe executiva, ficamos hospedados por 1 mês num apartamento de frente ao Tate Modern (Rio Tamisa) e faxineira 1x por semana.  
Pensei, que vidão!!! Durou pouco...

Vista da sacada do apartamento no centro de Londres













O meu filho era neném (1 ano) e pegou todos os vírus da estação. Não tinha me informado sobre sistema de saúde e moradia - muito amadora.
Sobrevivemos a todos os perrengues e ainda passamos por vários outros. Aprendemos coisas novas o tempo todo, uma constante adaptação. Este ano completam 8 anos que moramos aqui.
Lado negativo:
- O clima frio e chuvoso não me incomodavam nos primeiros anos. Hoje sinto falta do sol e do céu azul.
- A distância da família
que dói no peito. Já perdemos várias comemorações no Brasil que nem conto mais. Datas importantes como: nascimento das minhas sobrinhas, casamentos, festa de 90 anos da minha avó... Isso não volta mais...
- Ver meus filhos crescendo longe dos primos, tios e avós.
- A rotina maçante de dona de casa. Tem gente que gosta e nasceu pra isso, eu não!


Lado positivo:
- Segurança - posso até morrer num ataque terrorista, mas me sinto infinitamente mais segura aqui.
- Respeito no trânsito.
- Respeito ao espaço do outro e filas.

- Parques, parques e mais parques.


Londres é simplesmente maravilhosa!

Cheguei a uma conclusão: não importa se você vai morar no exterior como "au pair", estudante, dona de casa ou  madame, será sempre uma experiência única e enriquecedora. Só tem um probleminha: é viciante.



Henrique, Carolina e eu. 7 anos e meio se passaram...
 
Beijoooooutro.

11 de abril de 2015

Turismo com 2 crianças.


A vida de turista muda muito quando se tem mais de 1 filho. Quando jovem minhas viagens eram mais organizadas, sabia meu roteiro direitinho e tentava segui-lo a risca. Hoje, com filhos, a única coisa que compro antecipado é o vôo e hotel com entretenimento para as crianças. 
Quando mudamos para a Europa meu filho tinha 1 ano de idade e fomos aprendendo e mudando muito de opinião sobre o que é ter um bom "holiday" durante esses 7 anos. Estou falando de viagens mais longas, 7 ou mais dias.
 
Acho que fazer turismo com criança de carrinho é ótimo, eles só dão trabalho na hora de comer, trocar fralda, etc...mas, se divertem com facilidade, é só colocá-los para andar, empurrar carrinho, correr atrás de passarinho, achar um parquinho que eles ficam felizes. A tarde quando eles tiram o cochilo você pode ir as compras.
Agora, entreter uma criança de 6, 7 ou 8 anos é mais complicado, eles não querem andar o dia todo, visitar galerias de arte, igrejas e muito menos entrar em lojas.


Barcelona
Outra vantagem da criança pequena é que não tem problema em tirá-los da escolinha (nursery) por uma semana ou mais e isso significa férias melhores, mais baratas e mais tranquilas.
 
Encontrei um hotel em Lanzarote (Ilhas Canárias) com boa área de lazer e com ótimo  entretenimento, segundo os reviews do Tripadviser. 
O entretenimento era mesmo excelente! O Henrique saia depois do café da manha para o kids club e voltava somente para almoçar. A tarde tinha mais atividades e a noite show no teatro. Até a Carolina que tinha 1 ano de idade podia ficar na creche sem custo adicional. Meu marido e eu ficamos presos ao Hotel, sem muito o que fazer, só descansando e vendo os filhos se divertirem.
Esse hotel seria a primeira opção caso não tivéssemos filhos? Não! Escolheríamos um hotel mais perto da "muvuca" de bares e restaurantes e com um quarto mais luxuoso.

Creche do Hotel em Lanzarote
Na Páscoa resolvemos que não pensaríamos nas crianças  e sim em nós (grande erro!). Compramos um holiday para Tenerife, de novo nas Ilhas Canárias que tem sol e temperaturas amenas o ano inteiro. O Hotel ficava num penhasco, com uma vista lindíssima, quarto enorme, varanda com mesa e espreguiçadeiras, cozinha completa e numa praia bem tranquila. O Hotel tinha "free shuttle" para as praias mais próximas e mesmo assim fizemos besteira. O Henrique ficou entediado logo no segundo dia, queria jogar futebol e principalmente assistir aos shows. Nessa idade eles querem se sentir independentes, dormir tarde e fazer novos amigos. O vilarejo era tão tranquilo que cansava de descansar.

Vista da varanda do quarto em Tenerife





Varanda do Hotel em Tenerife
Para mim, HOJE, a prioridade são meus filhos, se eles estão felizes e se divertiram as férias valeram. Não importa se conhecemos todos os pontos turísticos, entramos em todos os museus e igrejas.
 
O que procuramos:
1- Self catering/kitchenette - com filho pequeno é a melhor opção. Esquenta a mamadeira a hora que quiser, prepara comida e come o que quiser. Adooooramos fazer compras em supermercado no exterior, várias coisas deliciosas e diferentes. Sempre jantamos pelo menos 1 vez em algum restaurante de comidas típicas.
2- Entretenimento no Hotel - dividimos assim: a noite um fica no quarto com a Carolina e o outro vai aos shows que começam mais tarde com o Henrique.
3- Hotel com campo de futebol, parquinho, piscina interna e próximo a praia.
4- Aluguel de carro - sempre alugamos carro, pelo menos por 1 dia, dependendo do tamanho da ilha, cidade ou pais e da facilidade em se locomover por transporte público.
 
Como já estou experiente em hotéis com cozinha, já sei o que levar na mala:
- bucha de lavar prato
- paninho de pia tipo perfex
- potinho com Nesquik/achocolatado para a semana
- filtro de café para a semana
- "food bag"
- tapeware para guardar comida na geladedeira(uns dois onde levo a comidinha do avião)
Se couber na mala levo baldinho, pazinha, rastelo e formas pra brincar na areia.

Claro que você encontra tudo no supermercado/lojas mas você precisara de pouca quantidade e acabara economizando bastante. Prefiro levar menos roupa e encher a mala com essas coisas.

Para as crianças outra dica legal é: se pegar um vôo "low cost" a comida é sempre cara e pouco saudável então faço uma salada de macarrão, misturo milho, atum, coloco azeite e separo em dois tapeware com garfo de plástico embalados no papel film. Eles adoram e ficam bem alimentados. De "treat" levo bala, chocolate e bolachinhas de sobremesa. Pra beber compro antes de entrar no avião, normalmente vou na Boots (rede de farmácias) e compro água e suco para todos. A maior farofa!

Na bolsa de mão levo as comidas, uma muda de roupa para a Carolina, uma camiseta para o Henrique, fraldinha de pano, caderno de colorir com canetinhas para os dois, Nintendo ds, Ipad e os documentos e vouchers separados numa pastinha de viagem.
 
Agora, se você for muito PHYNA (fina), ignore todas as dicas acima.

Beijoooooutro